Casar é caro, sim, é. Acho que todos concordam com isso. Mas os conceitos de “caro” e “barato” não podem ser descontextualizados de uma série de fatores. Digo isso porque, dia desses, lendo uns posts antigos de um blog de uma noiva dita “recessionista” (estilo “casando sem grana”), havia uma discussão ferrenha sobre o choque que causara em todas uma noiva ter pago 7 mil reais na locação de um vestido da estilista Marie Lafayette. Muitas contra, algumas a favor. Uma delas achava muito normal, já que o seu vestido “havia sido muito mais caro que isso, 13 mil reais, e isso porque conseguiu um desconto de 25% sobre o valor real” (estamos falando de um post datado de 2010). 


Tá, eu também acho absurdo que um vestido custe isso. Aliás, em quase todos os momentos, acho absurda essa indústria de casamentos que eleva o valor de qualquer item a preços estratosféricos. Eu também não tinha noção disso, até resolver me casar. Porém, também acho que cada noiva possui uma realidade, um orçamento, um sonho diferente e ninguém deve ser julgado ou crucificado, seja porque fez um casamento com um budget baixíssimo, seja porque o orçamento final teve vários zeros, seja porque guardou seu rico e suado dinheirinho por dois anos inteirinhos, se privou de muita coisa, não viajou nas duas últimas férias, está pagando cada centavo da festa com o noivo e às vezes se permite sim, satisfazer uma vontade ou outra (dentro do que a sua realidade concede), tendo um orçamento médio. Me incluo nesse último caso.


Confesso que mesmo que tivesse dinheiro sobrando, o que definitivamente não é o caso, jamais gastaria absurdos com meu casamento. Entretanto, isso é uma opinião estritamente pessoal, valores meus, e jamais julgarei alguém que gastou horrores com um vestido, por exemplo. Nunca me endividaria por uma festa, ou deixaria de morar em um lugar bacaninha, por conta disso. Mas quem sou eu para julgar o sonho de outrem?


O que vejo acontecer MUITO por aí, são noivas criticando outras, porque gastaram com isso ou aquilo, quando na verdade, elas ganharam de fornecedores (seja porque possuem um blog famoso, seja porque permutaram serviços, seja porque promoveram rodadas de descontos, entre outros) ou de familiares ou de amigos aquele item tão desejado, de ótima qualidade e CARO. E vc, que não é tão bem relacionada assim, não é amiga íntima de ninguém do meio, que não pode contar muito com a ajuda alheia, que está fazendo das tripas coração para ter um casamento “direitinho”, arcando com cada florzinha do mesmo com seu bolsinho furado, é criticada pq o carro da empresa X era 100 reais mais barato do que aquele da empresa Y que você contratou. Acontece que a empresa X possui inúmeras reclamações no mercado e vc preferiu pagar a mais para ter segurança ao contratar um fornecedor confiável e ficar tranquila no seu grande dia. E aí, quem pagou caro? Quem pagou barato? Relativo, não? 

Ou então vc preferiu não economizar no buffet, pois a degustação foi maravilhosa, a comida boa e farta e a bebida gelada, e vc entende que esse é um dos itens mais importantes da festa e prefere economizar em outros que não considera prioridade, mas a sua vizinha economizou, pagou baratinho por uma qualidade mais ou menos, afinal está enchendo a barriga dos outros de graça mesmo e ainda te acha muito metida e burra, pprque pagou o dobro nesse item. E então, quem fez a melhor escolha? Caro ou barato?


E se vc preferir o cabide personalizado do fornecedor A, pois aquele mais baratinho que muita gente compra não faz muito o seu estilo, embora seja um pouco mais barato. Qual o problema? Pode ser um item supérfluo (e é), mas vc o quer nas fotos do casamento. Alguém deve julgar?


Gente, não sou a favor de exageros e extravagâncias, não mesmo, sempre achei que “menos é mais” e que o clean é muito mais sofisticado, sou contra lembrancinhas inúteis e muitas presepadas que vejo por ai, mas percebo que muitas noivas ficam comparando seus casamentos ao de outras e se achando no direito de tecer comentários depreciativos, porque não concordam com uma coisa ou outra. Cada casamento é único e reflete gostos pessoais dos noivos, e graças a Deus que é assim, ou teríamos uma pasteurização nem um pouco bem vinda e sem graça.


É óbvio que eu gostaria de me casar com a vista da Casa de Santa Teresa e ter um dia de rainha no Copacabana Palace, quem nunca? Porém, se meu orçamento não permite, eu vou procurar opções que me satisfaçam, dentro da minha realidade, sem criticar/julgar/invejar aquelas que podem. É muita grana? É! Mas cada um gasta como quer e como pode. E quero sim, contratar doces extras, ter um vestido bacana, de repente mandar fazer uns chinelinhos por ai, uns guardanapos personalizados, por mais que muita gente ache besteira. De quem é o sonho? Então, satisfaçam a si mesmas e deixem quem quiser falar, simplesmente falar (e perder um tempo precioso que deveria estar gastando com seu próprio planejamento, no lugar de se preocupar com o dos outros).